Governo de MS entrega obras e conquista elegibilidade ambiental com ambição estratégica

Nesta sexta-feira, o Governo de Mato Grosso do Sul reforçou sua agenda de entregas físicas e defesa ambiental com atos que combinam visibilidade política e critérios técnicos. Ao mesmo tempo em que inaugura obras em municípios, o Estado também avança para atrair recursos internacionais ligados ao controle do desmatamento — um jogo de múltiplas frentes, com riscos e ganhos.

Obras entregues nos municípios: materialidade política e regionalismo

Em Deodápolis e Glória de Dourados foram entregues intervenções em infraestrutura urbana, saneamento e educação, numa aposta de gestão estadual com capilaridade regional. O pacote inclui pavimentação, drenagem, construção de ponte e revitalização de escolas, com investimentos somando quase R$ 10 milhões em Deodápolis, entre bairros como Jardim Europa, Itália, Eldorado e São José.

Durante os atos, o governador Eduardo Riedel reafirmou que sua administração se entende como parceira dos municípios: “o nosso foco é melhorar a vida das pessoas”, disse. Segundo o governo, isso integra o modelo de “MS Ativo Municipalismo”, expressando que o Estado pretende distribuir presença institucional — não apenas concentrar poder no centro político.

A estratégia revela também um caráter simbólico: entregar obras nos municípios mais distantes imprime legitimidade territorial ao governo, especialmente em um estado de dimensões geográficas relevantes. Mas a eficiência — cumprimento de prazos, qualidade dos serviços, manutenção futura — será o verdadeiro teste de impacto.

Aprovação para captar recursos ambientais: oportunidade com responsabilidade

No plano ambiental, uma notícia de peso: Mato Grosso do Sul foi declarado elegível para captar recursos via os instrumentos da REDD+ (redução de emissões por desmatamento e degradação florestal). Essa validação foi dada pela Comissão Nacional para REDD+, órgão do Ministério do Meio Ambiente, habilitando o Estado a buscar remuneração por resultados ambientais positivos.

A elegibilidade dependeu de critérios técnicos — transparência, salvaguardas sociais, metodologias de monitoramento — e não somente de bom discurso. Isso implica obrigações concretas: devem ser mantidos padrões de governança ambiental, participação pública, e comprovação contínua dos resultados.

O salto para captar recursos externos ou internacionais pode aliviar orçamentos públicos e reforçar políticas ambientais. Por outro lado, expõe o Estado à responsabilidade de manter rigor institucional: erros ou falhas podem questionar a legitimidade ou travar financiamentos.

Tensão entre visibilidade e profundidade: caminho largo, riscos visíveis

Quando o governo concentra esforços em entregas simbólicas (obras, inaugurações) e ações de impacto ambiental com narrativa moderna, há sempre a tensão entre visibilidade e sustentabilidade. Para que os atos não fiquem como “propaganda de governo”, será determinante que haja manutenção, ampliação e continuidade nos próximos anos.

Além disso, a capacidade de monitoramento externo (controle social, imprensa livre, auditorias) tende a crescer conforme o Estado firma compromisso ambiental — as expectativas se elevam. Nesse ambiente, transparência, padrão técnico e coerência entre discurso e execução serão chaves para consolidar tais iniciativas.

 

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