Mato Grosso do Sul é o 4º Estado do Brasil onde as pessoas mais cometem suicídio, segundo o último boletim epidemiológico, divulgado pelo Ministério da Saúde. Especialistas afirmam que 90% dos casos podem ser evitados com ajuda de profissionais.
O suicídio é o resultado de uma convergência de fatores de risco genéticos, psicológicos, sociais e culturais e outros, às vezes, combinados com experiências de trauma e perda. Pessoas que tiram a própria vida representam um grupo heterogêneo, com influências causais únicas, complexas e multifacetadas que precedem seu ato final. Essa heterogeneidade apresenta desafios para os especialistas em prevenção de suicídio. Esses desafios podem ser superados pela adoção de uma abordagem multinível e coesa para a sua prevenção.
Segundo o Ministério da Saúde, todos os anos, o suicídio aparece entre as 20 principais causas de morte em todo o mundo para pessoas de todas as idades. É responsável por mais de 800 mil mortes, o que equivale a um suicídio a cada 40 segundos. Cada vida perdida representa um parceiro, filho, pai, mãe, amigo ou colega de alguém. Para cada suicídio, aproximadamente 135 pessoas sofrem intenso luto ou são afetadas de outra forma. Isso equivale a 108 milhões de pessoas por ano que são profundamente afetadas pelo comportamento suicida. O comportamento suicida inclui suicídio e também engloba ideação suicida e tentativas de suicídio. Para cada suicídio, 25 pessoas fazem uma tentativa e muitas outras têm pensamentos sérios de suicídio.
No Brasil, são registrados cerca de 12 mil suicídios todos os anos. Cerca de 96,8% dos casos estavam relacionados a transtornos mentais. Em primeiro lugar está a depressão, seguida do transtorno bipolar e do abuso de substâncias.
Sinais e mortes que poderiam ser evitadas
O professor Edilson dos Reis, conversou com o Midiamax e contou como os sinais podem ser vistos com antecedência. Coordenador do curso de extensão ‘Prevenção ao suicídio’ da Universidade Federal de Mato Grosso do Sul, desde 2014, ele conta que 90% das mortes poderiam ser evitadas.
“Existem alguns sinais que envolvem vários fatores como vergonha, depressão associada a outras doenças que a pessoa não consegue procurar ajuda sozinha. É fundamental que o paciente tenha ajuda de familiares para buscar amparo com um profissional especializado. O apoio deve continuar durante o tratamento, já que a maioria deixa de realizá-lo. Se as pessoas buscassem ajuda de profissionais especializados, 90% dos suicídios seriam evitados”.
A prevenção do suicídio requer o esforço de todos: família, amigos, colegas de trabalho, membros da comunidade, educadores, líderes religiosos, profissionais de saúde, funcionários políticos e governos e requer estratégias integrativas que englobem o trabalho no nível individual, de sistemas e da comunidade.
Segundo os dados da Sejusp (Secretaria de Estado de Justiça e Segurança Pública), de janeiro a dezembro de 2022, o Estado totalizou 210 suicídios. Só em janeiro deste 2023 a soma já é de 21 mortes.
Casos de tentativas de suicídios também são registrados em Mato Grosso do Sul. Na noite deste domingo (5), uma mulher foi salva graças a rápida ação da Polícia Militar em uma cidade do interior do Estado. A PM foi acionada pela filha da vítima que pedia socorro. Os militares conseguiram chegar ao local e salvar a vida da mulher.
O comportamento suicida é universal, não conhece fronteiras e por isso afeta a todos. O professor adianta que a partir do mês de março de 2023 semanalmente a Universidade Federal de Mato Grosso do Sul vai prestar assistência a pessoas em luto.
“Faremos reuniões aos sábados das 14h às 16h para as pessoas que perderam pessoas próximas. Não precisa de agendamento, basta chegar e participar do encontro”.
Veja abaixo como ajudar:
Principais sinais de depressão:
– tristeza profunda;
– distúrbios do sono;
– pensamentos negativos;
– desinteresse e apatia;
– baixa autoestima;
– desleixo com a aparência;
– dores físicas;
– rejeição;
– irritabilidade;
– choro frequente;
– falta de vontade de fazer atividades simples;
– mudanças comportamentais bruscas;
– rejeição a determinados assuntos.
Sinais de alerta do suicídio:
– desesperança;
– raiva, descontrole, desejo de vingança;
– agir de forma imprudente ou se envolver em atividades de risco, aparentemente sem pensar;
– sentir-se preso, como se não houvesse saída;
– aumento do uso de álcool ou drogas;
– afastar-se de amigos, família e sociedade;
– ansiedade, agitação, incapacidade de dormir ou dormir o tempo todo;
– mudanças drásticas de humor;
– alguém ameaçando se machucar ou se matar ou falando em querer morrer;
– alguém procurando maneiras de se matar, em busca de armas ou outros itens letais;
– alguém falando ou escrevendo sobre morte ou suicídio.
É possível aumentar a conscientização sobre o problema do suicídio com ferramentas fáceis para ajudar a si mesmo e aos outros. Conheça as cinco etapas que podem salvar vidas:
– Saiba reconhecer os sinais;
– Saiba como ajudar;
– Faça do bem-estar mental uma prioridade em sua vida;
– Saiba que existe ajuda e que a recuperação é possível;
– Dissemine esses cinco passos para outras cinco pessoas!
Busque ajuda!
Em Mato Grosso do Sul as pessoas podem procurar unidades de saúde. As clínicas e escolas de psicologia da Capital também oferecem atendimento. O grupo amor vida (Gave), tem uma linha única, 0800 750 5554, para o serviço de apoio emocional.