O Brics, bloco formado por Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul, se prepara para sua cúpula anual na África do Sul, e a expansão da entidade é um dos principais temas em discussão. Enquanto o presidente Lula já manifestou apoio à inclusão de países como Arábia Saudita, Venezuela e Argentina no grupo, o Brasil é o membro que mais apresenta resistência à adição de novos sócios, aponta reportagem de Ricardo Della Coletta, na Folha de S. Paulo.
A China tem sido a principal defensora da entrada de novos países no Brics e busca integrar praticamente todos os candidatos interessados, seja como membros plenos ou associados. Rússia e África do Sul têm apoiado essa posição chinesa, parte de uma estratégia para consolidar um bloco que se contraponha aos Estados Unidos e às organizações ocidentais, como o G7.
No entanto, dentro do governo Lula, a estratégia liderada pela China é vista como uma expansão desorganizada do Brics, que não atende aos interesses do Brasil. Representantes brasileiros argumentam que é fundamental discutir critérios para qualquer reforma da entidade, como equilíbrio geográfico, população e tamanho da economia dos países candidatos.
A avaliação interna da gestão Lula é que o Brics, por sua concisão, confere ao Brasil um peso e protagonismo que não se encontra em outros fóruns internacionais. Diplomatas afirmam que um crescimento desenfreado diluiria a influência brasileira no bloco.
Enquanto Lula defende publicamente a entrada de países como Arábia Saudita, Emirados Árabes Unidos e Argentina no Brics, o Itamaraty, órgão responsável pela política externa brasileira, se mantém em silêncio sobre o assunto.