O governador Tarcísio de Freitas bateu o martelo sobre sua permanência no Republicanos após a nomeação do deputado federal Silvio Costa Filho (PE), que é do seu partido, para o Ministério dos Portos e Aeroportos do governo Luiz Inácio Lula da Silva (PT).
Em agosto, quando a reforma ministerial para acomodar o Republicanos e o PP estava sendo desenhada, Tarcísio disse ser contra a entrada do partido no governo Lula e cogitou deixar a legenda. “Eu sou contra. Para mim, não gostaria de ver meu partido fazendo parte da base do governo [Lula]”, disse na ocasião.
A aliados, Tarcísio deixou claro que, apesar do desgaste político provocado pela reforma ministerial de Lula, nada muda: ele fica no Republicanos.
A decisão do governador está calçada na nota que o Republicanos divulgou após a nomeação de Silvio Costa Filho para comandar os Portos, ministério com o qual Tarcísio tem muito interesse de interlocução por causa do desejo de privatizar o Porto de Santos, no litoral paulista.
O partido comandado pelo deputado federal Marcos Pereira afirmou que “que não fará parte da base do governo Lula e seguirá atuando de forma independente”. Como mostrou o Metrópoles, Pereira se equilibra entre Tarcísio e Lula de olho na sucessão de Arthur Lira (PP-PI) na presidência da Câmara dos Deputados.
O comunicado do Republicanos também ajuda a aliviar a pressão de bolsonaristas sobre Tarcísio, que já têm criticado o afilhado político do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) por falta de espaço no governo estadual.
“O governador segue fazendo um trabalho importante em São Paulo pelo Republicanos e o partido segue independente”, afirma ao Metrópoles o deputado estadual Jorge Wilson Xerife do Consumidor (Republicanos), líder de Tarcísio na Assembleia Legislativa (Alesp).
Interesse de Tarcísio
O controle do Republicanos sobre o Ministério dos Portos traz uma vantagem estratégica a Tarcísio. O governador quer tirar do papel o túnel ligando as cidades de Santos e Guarujá, no litoral sul, obra aguardada há décadas. O projeto depende de aval do ministério que agora é comandado pelo partido de Tarcísio.
Além disso, a privatização do terminal portuário de Santos é projeto que Tarcísio tenta viabilizar desde que foi ministro da Infraestrutura do governo Bolsonaro. Por causa disso, o governador não viu motivos para deixar o Republicanos. Tarcísio vem, inclusive, buscando ampliar o número de filiados ao partido dentro da Alesp, onde enfrenta dificuldade para estabelecer uma maioria sólida.