Acontece nesta segunda-feira (19) a primeira audiência de instrução do caso do enfermeiro, de 52 anos, acusado de estuprar uma paciente em fevereiro de 2021, no Hospital Regional. Na última sexta-feira (16), ele foi absolvido das acusações durante julgamento do Coren (Conselho Regional de Enfermagem). “A primeira atitude deles [dos funcionários do hospital] foi limpar o quarto e me mandar tomar banho”, disse a paciente.
Estão previstos de serem ouvidos a vítima e testemunhas durante a primeira audiência, que é feita a portas fechadas e começou por volta das 14h, além do réu, que está acompanhado de seu advogado. Segundo a mãe da vítima, são ouvidas sete testemunhas, todos funcionários do HR.
“Logo que aconteceu e eu pedi ajuda aos profissionais, uma ginecologista me disse que não ia dar em nada e era pra eu não denunciar porque só ia ser mais humilhada ainda”, disse a mãe da vítima.
Após a absolvição do enfermeiro no Coren, a vítima deve recorrer da decisão no Conselho Federal de Enfermagem. “O próprio auditor disse na audiência que só a palavra da vítima não bastava”, afirmou.
“O que mais me doeu foi que mulheres me atacaram lá dentro”, disse a vítima, logo após prestar depoimento.
Absolvido no Coren
“Eu confiei nele como uma pessoa que estava ali para cuidar de mim, não para se satisfazer. Estou extremamente revoltada. O Coren deu autorização para predadores sexuais, carta branca para mulheres ficarem desprotegidas”, disse a vítima de estupro do enfermeiro.
O julgamento ocorreu pela Comissão de Ética do Coren e durante todas as audiências a família da vítima pedia pelo fim do registro do agressor. “Eles alegam que não tem provas suficientes, mas eles sabem o que aconteceu, porém desde a denúncia houve uma séria de erros, como por exemplo, o hospital trocou ela de quarto e lavou o lençol, tudo isso enquanto eu estava na delegacia fazendo o registro da ocorrência. Eu tenho mensagem e prints disso tudo, mas acontece que minha filha é anônima, não é artista que iria dar ibope pra ele. Uma pessoa é presa, algemada por roubar um pacote de bolacha, que é errado também, mas por estupro não acontece nada”, reclamou revoltada a estudante de Direito Miria Motta, mãe da vítima. “Não tem câmera nem particular, quem dirá no HR que mal tem medicação”.
A mãe da vítima ainda reclama que exige apenas o que é seu direito. “A Lei é do país, então eu exijo um resposta do país. Não quero vingança, isso eu faria na calada da noite. Quero apenas justiça e que ele seja responsabilizado”, detalhou.
Mãe e filha afirmam ainda que não estão levantando falso contra pessoa inocente. “Estupro é estupro. É um absurdo. É monstruoso. Ele acabou com a vida da minha filha. Acabou com a minha vida. Tudo colabora para que seja um caso esquecido e mais uma de boca fechada, mas não vou me calar e não vou omitir tudo o que acontecer. Estou pagando por uma dor que ninguém merece ter”, diz.
Sobre o crime
A vítima foi internada no HRMS em 2 de fevereiro de 2021 com sintomas de Covid-19. Dois dias depois, na madrugada do dia 4, às 3 horas, ela foi estuprada pelo enfermeiro após reclamar de problemas para respirar.
Consta nos autos do processo que a vítima estava com dores e o enfermeiro teria arrumado o oxigênio. Depois, com um óleo, passou a massagear a mulher e a estuprou. Às 5h30, a vítima relatou o ocorrido para a mãe.
Pouco tempo depois, a mulher foi até a Deam (Delegacia Especializada de Atendimento à Mulher) e registrou boletim de ocorrência por estupro. O hospital também foi acionado sobre o ocorrido.
Assim, no dia 6 de fevereiro, a vítima começou o tratamento psicológico, ainda no hospital. Já no dia 9 foi encaminhada ao Centro de Atendimento à Mulher e também recebeu alta hospitalar.
No dia seguinte, dia 10 de fevereiro de 2021, a vítima foi ouvida na Deam. Lá, confirmou os fatos denunciados e o caso chegou até a Comissão de Direitos Humanos da OAB (Ordem dos Advogados do Brasil), Seccional de Mato Grosso do Sul. Com isso, foi solicitada providência por parte do Coren.
Informações Midiamax