Entrevista com o Cabo Goes pré-candidato a vereador de Campo Grande

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Entrevistamos o Cabo da Polícia Militar do Estado de Mato Grosso do Sul, Marcelo GOES dos Santos (o Cabo Goes), a respeito de um vídeo que viralizou nas redes sociais no qual ele aparece “ressuscitando” materiais que usava em Campanhas de Enfrentamento às Drogas, e que, há pelo menos 2 anos, os teria descartado nos fundos de sua casa. Ainda na gravação é possível observar que os materiais, apesar da exposição ao sol e à chuva, permaneceram intactos, o que, para Góes pode ser uma “confirmação” ou “obra divina” sinalizando que sua luta contra às drogas deve continuar.
No vídeo, o Cabo Goes lava os materiais informativos que revelaram ser Campo Grande a “Capital da Cracolândia do Brasil” a qual, segundo os estudos que apresenta, ‘vai de mal a pior, sem que o Poder Público inove nas “frentes estratégicas” contra as drogas. No vídeo, Cabo Goes ainda apresenta soluções “é necessário enfrentar a causa das drogas em três frentes: “prevenção, desintoxicação e repressão”. “Está faltando iniciativa e criatividade, principalmente do Poder Público Municipal”, acrescentou. O vídeo simples que viralizou despertou um gigantesco interesse da população de Campo Grande por esse assunto pouco comentado pelos detentores de Poder de nossa Capital.
JORNALISTA: recentemente seu irmão foi preso acusado de tentativa de feminicídio, ele seria dependente químico e estaria sob efeito de drogas; ele é usuário de drogas?
CABO GOES:
“sim. Está preso. É dependente químico há muitos anos! Eu lamento profundamente que os pais enviem seus filhos às escolas confiando de que estão seguros e, na verdade, está acontecendo justamente o contrário, pois estão, na escola, iniciando o uso de drogas a partir de alunos recrutados pelo tráfico com a destrutiva missão de espalhar esse vício no meio dos jovens na fase em que ainda não podem pesar na balança a consequência de suas ações. É uma covardia sem fim.”
JORNALISTA: Como se sente em relação ao que ocorreu?
CABO GOES:
“profundamente solidário à moça, inclusive me coloquei à disposição para auxiliá-la no que for necessário. Segundo a Organização Mundial de Saúde, o vício em drogas tornou-se questão de Saúde Pública. É a maior pandemia que o mundo já viveu! Meu coração sangra, minha dor não tem limites. Eu me recordo da primeira vez que o vi, em 1996. Ele estava usando um macacão azul. Tinha apenas 1 dia de vida. Era um bebê. Era meu amigo. Meu companheiro para brincarmos de carrinho. Eu choro amargamente cada vez que me recordo como éramos felizes antes do vício em drogas sequestra-lo de nós, a sua família. É doloroso saber que esse drama é vivido por tantas outras famílias, não apenas em Campo Grande, mas por toda parte onde as drogas entram. Eu olho os bebês, as crianças, e meu coração arde. Eu me preocupo com o futuro delas. Meu irmão me confidenciou que aos 13 anos começou usar maconha no banheiro da escola, aos 15 anos se viciou em cocaína e na sequência em crack”.
JORNALISTA: Sua luta é antiga contra as drogas; ela teria alguma relação com seu irmão ser dependente químico?
CABO GOES:
“Sem dúvidas. Um usuário de drogas estranho a nossa família é tido por “lixo”, digno de ser descartado em qualquer vala. Mas quando é um filho nosso, uma filha, esposo, uma esposa, um pai, uma mãe, uma irmã ou um mesmo um irmão, o discurso muda. Desejamos misericórdia. Imploramos a Deus por um milagre. Fazemos votos. Sangramos toda vez que a abstinência bate neles e eles ficam inquietos e saem de casa em direção a uma “boca de fumo”, dentre as milhares que existem em Campo Grande. A pergunta a Deus é: ‘será que ele vai voltar vivo?’ Passa tanta coisa horrível na cabeça da família. É por conhecer intimamente o drama que a família vive que me propus dedicar minha vida no enfrentamento às drogas.”
JORNALISTA: Você entrou na Polícia para combater as drogas?
CABO GOES:
“Sim. E descobri que vencendo elas, reduziremos de modo exponencial o homicídio, o feminicídio, a violência doméstica, o suicídio, porque 90% dos crimes que acontecem estão relacionados às drogas. Através dos meus anos na Polícia, pude então perceber de perto o “modus operandi” usado pelos traficantes para recrutar novos dependentes químicos: os bailes funks. ‘Festas’ que precisam ser fiscalizadas pelo Conselho Tutelar, Delegacias de Proteção à Infância e Juventude, Ministério Público, DENAR, inteligência, etc; porque elas têm se apresentado como verdadeiras ‘maternidades de novos dependentes químicos’. Uma vez que ali os jovens e até mesmo crianças, desvigiadas por suas família, são expostas a todo tipo de drogas. Inclusive o artigo 226 da Constituição Federal diz que a família é a base da sociedade e que teria especial proteção do Estado. Infelizmente não vejo essa proteção na prática. Os responsáveis por essas ‘festas malignas’ precisam ser responsabilizados. Esse tipo de evento precisa ter um fim. No Pacote Antidrogas que criei consta o projeto ‘Zero Crianças e Jovens na Rua’ o qual busca universalizar na Rede Municipal de Educação a ‘Escola Técnica de Tempo Integral’. Na qual os alunos entram na parte da manhã e saem ao final da tarde. Além de estudar a grade curricular do MEC, também deixarão o Ensino Médio com alguma profissão que adquiriu na Educação Básica. ‘Na educação está a chave’. Precisamos blindar nossa juventude, imediatamente. Basta de dor. Outras famílias como a nossa também estão sangrando e pedindo a Deus uma providência.
Em 2014 fui aprovado no concurso da PMMS. Fiz meu sagrado juramento de ‘Servir e Proteger’ a sociedade, mesmo com o risco de minha própria vida, e então entrei na viatura e passei a patrulhar, a atender ocorrências diversas, como roubo, furto, homicídio, feminicídio, suicídio, etc, e reparei uma coisa: na maioria esmagadora desses casos havia droga envolvida. Era um traficante que matava o usuário que usou a droga e não pagou. Eram traficantes se matando entre si pelo controle de regiões; era usuário tirando sua própria vida por não suportar mais sua condição; era furto praticado por usuário de drogas; era roubo praticado por dependentes químicos… reparei que onde há desgraça, tem droga pelo meio. Então passei a compreender a “dinâmica do caos social” que é fundamentada na droga. Reparei que apesar de nós, policiais, incansavelmente e sem medirmos esforços, nos dedicando intensa e exaustivamente 24h na proteção da vida, da liberdade e do patrimônio, ainda assim precisamos de todo auxílio possível, principalmente da sociedade, e dos demais poderes para atingirmos, juntos, a espinha dorsal do mal social: as drogas”.
JORNALISTA: apenas o trabalho repressivo do Estado contra o tráfico de drogas já é suficiente e eficaz?
CABO GOES:
É um problema complexo e que não vai ser solucionado apenas com medidas repressivas de polícia. Necessita de respostas complexas, atacando algumas das raízes como a disponibilidade de mão-de-obra, ofertando cursos e emprego aos jovens, investindo em educação e em uma cultura de resistência à atividade criminosa e valorização da segurança pública, entre outras. Também devemos fortalecer as atividades preventivas de ampliação da presença do estado, reformulação da legislação penal brasileira, sobretudo contra grandes traficantes, e o tratamento de dependentes, de forma a fazer com o que o território brasileiro seja impróprio para o ingresso de drogas e esses sirvam de fatores dissuasivos para o cometimento de crime, seja pela baixa demanda de consumo interno, seja pela impossibilidade de escoamento ao mercado consumidor europeu ou africano, seja pela alta probabilidade de que uma vez preso seja efetivamente sancionado pelo Estado.
JORNALISTA: Alguma Ocorrência Policial que você atendeu que gostaria de destacar?
CABO GOES: “evito comentar as ocorrências em si. Porém, posso comentar o sentimento e as impressões que trago delas: dor. Muita dor. Somos humanos! Não somos robôs. Temos um coração de carne feito por Deus para sentir compaixão. Eu sinto compaixão. Eu oro pela vida das vítimas e também dos agressores, para que o Espírito Santo atue na vida deles, e os transformem da ‘água para o vinho’.”
JORNALISTA: Ouvimos dizer que você é pastor, e que prega Jesus Cristo nas clínicas onde estão reclusos as pessoas que estão em tratamento contra o vício em álcool e outras drogas. É verdade? CABO GOES:
“não sou Pastor, mas servo de Jesus Cristo. Eu levo a sua mensagem redentora nas clínicas e aonde mais o Espírito Santo me conduzir. Pois eu acredito que o poder de Cristo não diminuiu e que Ele opera ainda em nosso tempo, e tem uma passagem que exprime bem quem é o nosso verdadeiro inimigo. Em João 10: 10 Jesus Cristo diz: ‘Satanás veio para roubar, matar e destruir; mas eu vim para que as pessoas tenham vida e vida com abundância’.”
JORNALISTA: Como consegue conciliar o “ser Policial”, com “ser Cristão”?
CABO GOES:
“um dia, quando Jesus estava fisicamente na terra, um soldado perguntou a Ele o que deveriam fazer para herdar a ‘Vida Eterna’ e Cristo respondeu: ‘A ninguém queirais extorquir coisa alguma; nem deis denúncia falsa; e contentai-vos com o vosso soldo’. Não vejo dificuldade em conciliar minha fé com minha profissão”.
JORNALISTA: você citou um estudo publicado pela Universidade Federal de São Paulo (Unifesp) no qual é revelado que o PROERD, atualmente, é ineficaz e não consegue mais convencer os jovens a “dizer não” às drogas. Em sua opinião, a que se deve essa inoperância?
CABO GOES:
“estou seguro de que os profissionais que atuam no PROERD entregam o melhor de si. Contudo, a criatividade dos traficantes nas ofertas e nos assédios sobre nossas crianças e jovens surpreende cada dia mais. Elas vêm através de músicas, preferencialmente através das letras de alguns ‘raps e funks’, por exemplo. Dai a necessidade de se pensar novas estratégias para conquistar a atenção de nossas crianças e jovens. Um exemplo que trago no ‘PACOTE ANTIDROGAS’ seria promover gincanas nas quais se premiasse com dinheiro, bicicletas, notebooks, celulares, etc, o melhor trabalho contra as drogas feito pelos alunos juntamente com sua família. É possível atrai-los a partir de projetos de ‘Inovação Estudantil Antidrogas’, incentivando-os, juntamente com seus familiares, por meio de premiações, a se aprofundarem sobre o Tema”.
JORNALISTA: Você já saiu candidato a vereador alguma vez?
CABO GOES:
Desejei. Mas não pude, em razão de a legislação da PMMS autorizar a candidatura do Militar, sem prejuízo do emprego, apenas após 10 anos de serviço. O que completarei em 2024.
JORNALISTA: Por que acha que os vereadores de Campo Grande ainda não criaram algo semelhante ao seu projeto do “Pacote Antidrogas’?”
CABO GOES: “Cada um defende a Causa com a qual teve contato, que lhe é familiar. Por exemplo, na Câmara de Campo Grande nós temos vereadores que se propuseram a defender a causa animal. Por certo o parlamentar é inclinado a esta Causa por alguma razão específica. Não há Causa melhor que a outra. Todas as causas ‘pró-bem’ são válidas. Minha Causa é lutar contra as drogas, devolvendo o sono dos pais, e a paz nos lares, além de provar que é possível reduzir drasticamente os demais crimes apenas erradicando as drogas a partir da Universalização das Escolas Técnicas de Tempo Integral. Ocupando, assim, o tempo das crianças e jovens, qualificando-as profissionalmente, entregando-lhes, dessa forma, dignidade. Só assim o Tráfico perderá mão-de-obra e consumidores de suas drogas.
JORNALISTA: Você também trouxe dados dizendo que Campo Grande-MS é a capital em que adolescentes mais consomem drogas no país. A que se deve esse alto nível de consumo?
CABO GOES:
Sim. Infelizmente, segundo a Pesquisa Nacional de Saúde Escola (PenSe), realizada pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), Campo Grande é a Capital em que adolescentes mais consomem drogas no país. Nossa capital lidera o ranking de experimentação de drogas antes dos 14 anos de idade. Mato Grosso do Sul mostra-se terreno fértil para atuação de Organizações Criminosas, por sua posição estratégica, já que seu território faz divisa com estados consumidores das drogas: Mato Grosso, Minas Gerais, Goiás, Paraná e São Paulo; além de exibir extensas fronteiras com Paraguai e Bolívia. E também pela proximidade com o Paraguai que possui zonas produtoras de maconha que tornam a sua produção a 2ª maior do mundo e com a Bolívia, que possui zonas produtoras de cocaína, cuja a produção a faz a 3º maior produtora mundial da droga, tudo isso não apenas fazem com que Mato Grosso do Sul torne-se rota significativa do tráfico de drogas, mas também que parte da droga seja derramada pelos 79 municípios do MS, incluindo Campo Grande.
JORNALISTA: desejamos sucesso em sua caminhada contra as drogas e em defesa de nossa querida Campo Grande, capital morena de nosso estado.
CABO GOES:
Gratidão. Creio que um sonho, acompanhado de trabalho duro, tem a benção de Deus. Desejo que nossos eleitores se conscientizem, em 2024, e priorize candidatos cujas bandeiras sejam o enfrentamento às drogas, pois, somente assim teremos Paz e Segurança para desfrutarmos o que de melhor a Vida pode nos oferecer: a companhia de nossas famílias
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