O Governador do Mato Grosso do Sul, Eduardo Riedel (PSDB), recebeu na tarde desta quarta-feira, comitiva policial militar e ativista Cabo Goes e sua comitiva que vieram de várias partes do País para discutirem soluções para combate ao uso de entorpecentes.
Diversos vídeos de Cabo Goes denuncia a avalanche de dependentes químicos que dominou as ruas da Capital. Sua abordagem humanizada não deixa de fora a dor de suas famílias que desesperadas procuram internação involuntária ou compulsória como forma de preservar a vida e a saúde do filho dependente químico, os quais têm iniciado nas drogas na faixa de 8 a 12 anos. Porém, apesar de a Lei 10.216/2001, no artigo 6º, autorizar esse tipo de internação, ela não está acessível às famílias pobres, umas vez que a mensalidade de uma internação involuntária em Campo Grande ultrapassa 2 mil reais por mês, e o Poder Público ainda não construiu nenhuma clínica especializada em desintoxicação, apesar desse cenário de filme de terror. Vale lembrar que Campo Grande é a capital brasileira das crianças e jovens drogadas, segundo o Estudo realizado pelo IBGE/PENSE.
Segundo ele, a parte dos usuários de drogas que não têm acesso à Saúde é a maioria e estão à solta pelas ruas e para sustentarem seus vícios em crack estão cometendo dos mais diversos crimes contra os moradores e comerciantes, tais como furtos e tráfico de drogas. Os comerciantes não aguentam mais ficar por horas sem internet, o que tem prejudicado diretamente em suas vendas; já as Operadoras de Telefonias relataram ao governador amargarem em 5 meses mais de 30 milhões de prejuízo tanto em materiais quanto em multas recebidas pela ANATEL. Isto porque a Agência exige que em no máximo em 3 (três) horas seja reestabelecida a internet ao usuário, sob pena de multas altíssimas. Porém, devido aos furtos simultâneos e em diversas localidades de Campo Grande ao mesmo tempo, torna-se impossível que sejam todos os danos reparados em 3 (três) horas o que, para a ANATEL, é irrelevante.
Muitos usuários de drogas tem relatado que desejam de todo coração saírem das drogas, porém não conseguem vencer a abstinência porque é semelhante a sede quando vem, “é uma sede terrível, o organismo exige a droga como exige a água, porém com mil vezes mais intensidade”. Relatam que se internam em clínicas voluntárias das igrejas, as quais estão disponíveis em Campo Grande, porém quando a abstinência vem eles ficam cegos e precisam recorrer às drogas. A maioria conta que são oriundas de famílias desestruturadas, e que iniciou no vício na faixa de 8 a 12 anos, época em que não tinham a menor noção de que estavam destruindo suas vidas. Muitos dependentes químicos também defendem a internação involuntária porque afirmam que o corpo precisa de medicamentos e tempo para desintoxicar, o que não está disponível nas clínicas de internação voluntária.
“Perdemos totalmente a sensação de segurança pública que tínhamos de viver em Campo Grande. Esses dias, a guerra entre dois traficantes de facções rivais mataram duas crianças aqui no Bairro o qual está lotado de bocas de fumo, como por toda parte dessa pobre cidade, e o engraçado é que vemos apenas o Cabo Goes falando de drogas e estudando uma forma de socorrer a gente”, disse uma senhora moradora do Jardim das Hortências.
A Proposta do governo de MS
Empoderamento das Clínicas de recuperação de dependentes químicos existentes no MS; além da construção de Clínicas Públicas Ambulatoriais e Multidisciplinar de Desintoxicação Voluntária, Involuntária e Compulsória; bem como a formação da mão-de-obra desses pacientes e redirecionamento ao Mercado de Trabalho após alta acompanhada; universalização das escolas públicas de tempo integral com oferta de esportes olímpicos voltados à competição nas olímpiadas e também formação da mão-de-obra dos alunos em mecânica, elétrica, hidráulica, marcenaria, etc, e que o próprio Estado, Municípios e a União, através de convênios, possam empregar esses novos profissionais, por exemplo, na manutenção dos veículos oficiais. A efetivação do artigo 3º do ECA- Lei 8.069/90, o qual prevê o “desenvolvimento espiritual” da criança e do jovem.
Cabo Goes Antidrogas destacou que a chave para esse problema é boa vontade e ocupação do tempo da infância e juventude, o máximo possível, haja vista a desestrutura familiar ser exponencial em campo Grande, uma vez que somos a segunda cidade que mais divorcia no país. “O jovem precisa de um norte. Ele precisa olhar para o seu futuro e ver uma luz de dignidade, senão o traficante chega e enche sua cabeça de ilusão, arrebatando-os para o cruel mundo do crime”, destacou.
Cabo Goes
Veja o vídeo: