O Ministério da Saúde tem atuado no auxílio às comunidades indígenas do Rio Grande do Sul, afetadas pelas enchentes que atingiram o estado. A assistência, coordenada pela Secretaria de Saúde Indígena (Sesai), objetiva atender as necessidades específicas da população e garantir a integralidade do acesso à saúde nas regiões comprometidas. Atualmente, há mais de 38,5 mil indígenas no estado gaúcho.
Até o momento, 13 missões com equipes de voluntários da Força Nacional do SUS (FN-SUS) foram deslocadas para as comunidades atingidas. Durante as comitivas, são prestados atendimentos em saúde à população indígena, envio de insumos medicamentosos, mapeamento dos danos e diálogo com lideranças para levantamento das necessidades da comunidade.
Além disso, a criação do Comitê de Resposta a Eventos Extremos na Saúde Indígena (Cresi), em outubro de 2023, aprimorou a vigilância e o monitoramento de informações sobre riscos de desastres. Em diferentes proporções, os maiores impactos foram: dificuldades na comunicação, instabilidade no fornecimento de energia elétrica nas residências e nas unidades de saúde, danos em Sistemas de Abastecimento de Água (SAA) e estruturas dos serviços de saúde, necessidade de evacuação e restrição do acesso às aldeias.
Na última missão, médicos e enfermeiros foram enviados a comunidade Kaingang Por Fi Ga, a 40km da capital Porto Alegre (RS). Cerca de 250 indígenas foram assistidos pela equipe de voluntários.
Para o cacique Elton Nascimento, a chegada dos voluntários foi essencial ao povo da comunidade. “As chuvas atingiram a aldeia e afetou muito a vida de todos nós. Enfrentamos falta de comida, água para as crianças e roupa de frio. Nossos irmãos e irmãs ficaram doentes, com diarréias e gripes que as enchentes trouxeram para nós. A chegada de ajuda vem em ótima hora para tratar o nosso povo”, declarou o líder indígena, que se recupera de sintomas gripais.
Hoje, a comunidade Por Fi Ga conta com uma Unidade Básica de Saúde Indígena (UBSI) para os atendimentos primários da população.
Durante a missão, a técnica em enfermagem, Sueli Khey Kaingang, indígena natural da região e responsável pelos cuidados em saúde da comunidade, relatou que a ancestralidade e união dos indígenas da reserva foi vital para lidar com as adversidades pós-enchentes, mas que o apoio do governo federal permite a ampliação e fortalecimento das linhas de cuidado.
“O meu povo tem o conhecimento da natureza, da medicina que vem da terra e foi repassado de geração para geração. É da onde vem o alimento e o remédio. E a nossa comunhão nos fortalece diante dos problemas. Mas o apoio do governo, do Ministério da Saúde, e dos profissionais que trazem não somente o atendimento, mas também os medicamentos para o cuidado, nos ajuda ainda mais para manter a nossa vivência, dos meus irmãos e irmãs, ainda vivos”, declarou.
Para o enfermeiro Eliandro Rodrigues, nascido no Amapá e somando mais de 20 anos de experiência em saúde indígena e quilombolas, prestar assistência para as comunidades nativas atingidas no estado é honrar um legado familiar de cuidado. O enfermeiro atua, hoje, no Distrito Sanitário Especial Indígena (DSEI) Amapá e Norte do Pará.
“Venho de uma região que existem muitas comunidades indígenas e quilombolas. E a minha vocação em prestar ajuda em saúde para estas pessoas foi passada de minha mãe para mim. Ela dedicou uma vida para o cuidado. E meu maior desejo, hoje, é honrar e continuar este legado”, relata.
Apoio às comunidades indígenas do RS
Em colaboração com o Distrito Sanitário Especial Indígena (DSEI), o Ministério da Saúde tem realizado ações de monitoramento da saúde das populações indígenas, além de fornecer apoio logístico e operacional para a chegada dos voluntários em áreas de difícil acesso.
Além das medidas de emergência, esforços estão sendo feitos para reparar e reequipar as unidades de saúde afetadas pelas enchentes nas comunidades indígenas. A medida provisória (MP) de liberação de crédito extraordinário, editada pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva, em 12 de maio, traz a liberação de R$ 861 milhões para ações de saúde primária e especializada, vigilância epidemiológica, assistência farmacêutica e contratação temporária de profissionais. Desse recurso, R$ 21,4 milhões são para a saúde indígena.